You better run, better run faster than my bullet.

- Venha garoto! Venha… Gigante Taz!

Conrad corria pelos enormes e sinistros corredores do Instituto Drumstrang, vazios e sinistros, seu enorme dogue alemão o acompanhava ligeiro. Seus passos ecoavam por todos os lados, apenas o rapaz dizia coordenadas para o cão enquanto corria, somente sua voz poderia ser facilmente reconhecida, o cão não latia, apenas o obedecia. Ele sabia que deveria parar com a brincadeira o quanto antes, como monitor da Haus Land deveria dar o exemplo, mas ambos, garoto e cão, estavam elétricos demais para permanecer na Comunal de maneira civilizada. Mentalmente, fez uma prece para não ser pego e poder aproveitar este pequeno momento como um fora da lei.

Correram para fora do Castelo em direção ao Jardim, Gigante Taz pulava por cima dos canteiros como um cavalo adestrado enquanto Conrad torcia para que ele não causasse algum estrago que trouxesse problemas depois.

Sob suas cabeças, nuvens carregadas se aproximavam rapidamente, logo, a chuva gelada e grossa começou a cair; ensopados, correram para o primeiro local coberto a vista. De início não reconheceu o local coberto pela redoma de vidro, mas ao reconhecer algumas plantas e espionar o local por um momento, soube que estava em uma das Estufas do Instituto, o lugar era quente e ele estava todo molhado, a primeira sensação que teve era que com certeza pegaria um resfriado no dia seguinte.

Ergueu a cabeça para procurar seu cão e correu até ele, assustado, quando percebeu que ele comia alguma planta desconhecida. Prendeu-o entre as pernas enquanto forçava a boca do animal a se abrir para averiguar se ele havia ingerido algo venenoso.

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You better run, better run faster than my bullet.

Finalmente, o cão estava livre das folhas e seu dono avaliava se eram ou não venenosas. De fato deveria ter cochilado em algumas aulas de Herbologia, pois não reconheceu nenhuma delas de imediato. Enquanto ainda revirava as folhas na mão, uma garota, que ele até então não havia notado, bradiu para ele um tanto nervosa, afirmando que Gigante Taz havia estragado todo um delicado e demorado trabalho.

- Me desculpa ok? Ele… Costuma comer o que não deve.

Lembrou-se de quando o cão se serviu do almoço de uma das alunas, sempre lhe causando confrontos com outros alunos. A garota provavelmente era mais nova que ele e não tirava os olhos de sua insígnia de monitor e Conrad sorriu malicioso assim que percebeu, não sairia por baixo assim, orgulhoso que era. Não deixaria que as travessuras do enorme cão o colocassem em apuros novamente.

- Além do mais, ele fareja espertinhas como você que se encontram em lugares indevidos - Apertou os olhos encarando-a e aproximando-se um pouco mais de seu rosto. - O que faz aqui?

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You better run, better run faster than my bullet.

Ria enquanto ouvia ameaças da garota. Cruzou os braços sobre o peitoral e a encarava debochando, embora soubesse que aquilo poderia complicá-lo, não queria perder a pose, muito menos a insígnia. Resolveu deixar a garota em paz assim que soubesse o que queria saber.

- Talvez, tenhamos um acordo - O cão ainda mastigava algumas folhas e todo seu conhecimento de Herbologia, ele ficou preocupado - Se souber me dizer que plantas são essas.

Fingiu que era algum tipo de brincadeira, a garota o responderia e ele se resolveria quanto a saúde do cachorro, que pelo visto, fora detestado. Seu medo era que por birra ela não lhe dissesse nada. De qualquer maneira, pensou em levar o cão até a ala hospitalar, só pra se certificar de tudo estar ok, mesmo que fosse esquisito levar o animal para lá, mas Conrad o tinha como melhor amigo desde seus doze anos.

- Temos o acordo? Sabe me dizer quais as plantas?

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You better run, better run faster than my bullet.

Engoliu em seco quando ela começou a explicar. Mas decidiu ouvir até o fim. Sorrindo irônico retribuindo-lhe o sorrisinho, por um segundo imaginou-se sem seu Gigante de estimação e aquilo atingiu certo ponto fraco do rapaz.

- Então presume que devo trancafiá-lo.

Curvou-se um pouco fingindo que fora acertado em cheio e riu balançando a cabeça. A chuva parou e o céu insinuava querer abrir novamente. Ele ainda estava um pouco molhado, nem tanto quanto estava ao entrar ali. Sabia que nenhum deles poderia ser visto, até se explicarem, provavelmente pegariam detenção.

- Obrigado! Sou Conrad… a propósito - Sorriu de lado numa vã tentativa de ser simpático e coçou a cabeça. - Acho que devemos aproveitar a trégua da chuva para sairmos daqui...Ou, vai continuar a pegar plantinhas emprestado sem ninguém saber? Soltou uma risadinha irônica.

Segurou seu cão pela corrente com identificação e dirigiu-se para a entrada da estufa, olhando o céu por alguns instantes e percebendo o quanto as nuvens haviam se dissipado. - Você vem?

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YOU BETTER RUN, BETTER RUN FASTER THAN MY BULLET.

Ainda na entrada da Estufa, ria divertido dos modos da garota. Girou nos calcanhares e a viu agachada novamente, seja lá porque, Behati, como havia se apresentado, queria mesmo aquelas folhas. Explicou algo sobre seu nome, mas Conrad estava muito entretido no movimento das madeixas do cabelo da garota a cada movimento que ela fazia ao pegar as folhar novamente, para prestar atenção e interligar coisa com coisa.

Deu ordens a seu treinado cão para que voltasse ao dormitório e lá permanecesse, mas, tinha certeza que o enorme e abobalhado brincaria pelo jardim atrás de borboletas por um bom tempo antes de seu destino final. Quando ele partiu, não pensou que tivesse sido uma boa escolha, já que ele ficaria hiperativo, mas ele era grande o bastante para se virar sozinho.

- Talvez eu queria sua companhia... talvez não.

Caminhou até ela com passos lentos, brincando de ser o senhor da razão por ali, vira e mexe espiando para certificar-se de que ainda estavam sozinhos por ali, longe dos olhos de outro monitor ou algum professor, mesmo sabendo que não estavam fazendo nada errado. Tirou de sua camisa o broche com a insígnia de monitor e o guardou no bolso ainda molhado da calça jeans e se agachou também, juntando do chão as plantas ainda inteiras que haviam se livrado dos dentes do enorme animal de estimação.

- Assim está melhor, Senhorita das Flores?

Disse enquanto se perdia novamente olhando divertido para o movimento de suas madeixas que se soltavam detrás das orelhas e quase arrastavam o chão de terra batida da Estufa. Por um momento teve de segurar o impulso em querer enrolá-los para que não se sujasse.

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Desistiu de ajudá-la a coletar. Era difícil e as unhas mesmo que curtas ficavam cheias de terra, assim como quando suas mãos eram tomadas por longas e afiadas garras, mas não quis deixar isso transparecer para a garota que mal conhecia. - Assim como? Não curto plantas sentimentais. Disse abandonando de vez as plantas e caindo sentado pelo fato dela tê-lo desequilibrado. Continuou sentado e soltou uma risadinha meio sarcástica. Ora a observava, ora mexia na terra ou em plantas ao seu redor, xeretando.

- Sou da Rússia. Agora, Monitor da Land e não, não ando por ai enchendo o saco das pessoas, me acho bem legal até. Dizia se gabando. - E não me importo muito se me odeiam ou não, sério, só faço meu trabalho. Mas quanto a isso é verdade, não tenho amigos por aqui, seja pelo cargo da Monitoria ou não.

Sentiu-se desolado por alguns minutos. Até que a voz garota o trouxe a tona novamente com o mesmo tom autoritário da primeira vez. - Não sei colher plantinhas. Mal terminou sua frase e levou uma chicotada de cabelos que a garota lhe dera sem que percebesse. Afastou-se bruscamente esfregando o nariz que acabara de receber a lufada de cabelos. - Quer por favor prender os chicotes que chama de cabelo?

Fez cara feia e levantou-se. Se sentando na enorme mesa de madeira da estufa, esticando a coluna e olhando para longe, na direção do castelo, alerta a qualquer outra pessoa que pudesse entrar e puni-lo por não estar cumprindo seu dever de Monitor ou a Behati por, obviamente, estar pegando ervas do estoque da escola.

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I won't be withdrawed 'cause I got nothing to lose

A camisa ainda úmida do rapaz ganhou marcas salpicadas das mãos delicadas da garota, ele não fez nada para impedi-la, também, não haveria nada a ser feito e ele pouco se importou com um pouco de terra em vista aos fiapos que suas roupas ficavam toda vez que ele se transformava em fera-lobo, apenas encarou sério suas mãos e em seguida levantou os olhos até os dela, sorrindo malicioso, não sabia ao certo porque, talvez apenas pelo fato de implicância ser afrodisíaco. - Fique a vontade.

Ele desencostou da mesa de madeira da estufa e a seguiu. Esta, já se encontrava, praticamente nos jardins, Conrad ficou parado por um tempo na entrada da estufa sem perdê-la de vista, então apressou o passo quase a alcançando e tirou a blusa úmida e agora suja de terra, chegando perto o bastante de Behati para jogar a blusa em cima de sua cabeça. Apressou-se a passar em sua frente e lhe olhava de esguelha por cima do ombro, sem parar de caminhar.

- Depois que a lavar e passar, entregue na Comunal da Land. Dormitório masculino, Ala Leste do Castelo... Ouvi dizer que o monitor deles é bonitão.

Ele não a conhecia e mesmo assim teve a audácia de tal brincadeira, mas, o loiro não tão alto era assim, dissimulado e determinado a fazer o que não deveria, estar aonde não poderia e se meter em problemas que não lhe diziam respeito. Ele geralmente ignorava a existência da maioria das pessoas, mas Behati lhe pareceu interessante demais para que passasse despercebida.

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I'm just a prisoner in a reign of love.

Ele correu a fim de se livrar de sua ex camisa, agora bloco de gelo, que ganhava velocidade pelos ares, sem desgrudar os olhos daquilo, não pôde perceber quando Behati lhe lançou outro feitiço que o amordaçou e também não percebeu o degrau a sua frente, que o fez tropeçar e cair sobre o gramado e ainda assim fazendo com que o bloco de gelo se despedaçasse sob suas pernas, fazendo fragmentos se espalharem.

Sentia a perna arder pelo gelo, e sentou-se no gramado tentando tirar as ataduras da boca. Praguejava em pensamento, mas ao mesmo tempo sentia uma vontade incontrolável de rir. A garota agora era um emaranhado de cabelos que corria, em sua direção aliás, não dava pra saber se ela conseguia ver alguma coisa a sua frente daquele jeito. Por fim, removeu as ataduras, com um grito, porque uma delas havia lhe arrancado um pouco dos pequenos pelos do rosto e ainda assim, o outro lado havia grudado em seu rosto e ele não conseguia tirar, ficou com metade de uma atadura presa ao rosto mesmo.

Sacou a varinha e mirou para os pés da garota que corria para se livrar dos grãos de terra. - Glacius. Para congelá-la ao chão e fazê-la parar de correr.

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I won't be withdrawed 'cause I got nothing to lose

Enquanto a fina camada de gelo, lançada de sua varinha atingia o chão ao redor da garota, ao invés de seus pés, ficou mais aliviado, pensando que ela provavelmente apenas derraparia. Mas no mesmo instante a garota foi ao chão, de bruços, o assustando; levantou-se rapidamente e foi até ela, que se sentou sob o gelo e tapou a boca com as mãos, mas, Conrad pode perceber a gravidade do problema quando percebeu as gotículas de sangue que manchavam sua blusa, e seu nariz adquiriu rapidamente um tom avermelhado. Ele a segurou pela cintura levantando-a com certa facilidade e com receio de ter muito sangue, sempre teve uma pequena aversão a muita quantidade de sangue.

- Por Mérlin, mil perdões! Eu sou um imbecil... Um completo imbecil.

Mantendo Behati firme de pé com uma das mãos, usou a outra para tirar um de seus sapatos, tirou também a meia e levantou uma das pernas a sustentando, erguida, colocando a meia em cima da própria coxa, sacou sua varinha.


A transfiguração simples funcionou, embora usar uma meia em uma garota delicada, como lenço, soasse estranho, agora sua aparência era a de um limpíssimo lenço, então não pensou muito no assunto. Ele guardou a varinha no bolso da calça jeans e pegou o lenço abaixando a perna. - Estanque o sangue com isso, você precisa ir para a Ala Hospitalar. Fez com que o lenço permanecesse sob a mão da garota e, já segurando sua cintura, passou delicadamente o braço livre em seus joelhos por trás, erguendo-a gentilmente em seu colo. - Consegue andar? Provavelmente não… Não importa, vamos.

Começou a atravessar o gramado, tomando cuidado onde pisava e tentando manter firme a cabeça dela a fim de que não se movimentasse muito durante a caminhada. Segurou o impulso de rir no momento em que se imaginou visto por outros olhos: Um rapaz sem camisa, de jeans e com apenas um sapato, levando em seus braços uma garota ferida no nariz e provavelmente na boca, não pôde ver com clareza o estado dos ferimentos. Fitou Behati por um curtíssimo instante e se sentiu a pessoa mais imbecil existente. Teria sorte se ela não o matasse assim que pudesse, mas, esse era um risco pelo qual teria de estar exposto, jamais a deixaria lá sangrando e sairia correndo sem prestar socorro por algo que ele mesmo fez. Saíram dali, indo direto para a Ala Hospitalar.

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